Kevin Marques ★

Você deveria aprender VIM

· Kevin Marques

Porquê você deveria dedicar um tempo para aprender a usar o Vim

Acredito que todos os que usam Linux, ou qualquer sistema Unix-like, deveriam dedicar ao menos uma semana para aprender a usar o Vim, principalmente se você está planejando construir sua carreira na área de software. Apesar ter sido feito em 1991, esse editor de texto ainda consegue me surpreender a cada dia que passa por ele ser tão completo e fácil de usar.

Até quem usa o Atom, Sublime Text, VS Code — se não me engano, até Notepad++ —, etc., estão começando a emular o comportamento do VIM dentro desses editores com plugins feitos pela comunidade. Talvez você já tenha visto um tutorial, ou feito algum curso, que o cursor do editor dos vídeos se movimenta de uma forma estranha, bem, vou tentar apresentar esse ponto pra você que não conhece esse assunto e vou tentar trazer algumas dicas pra quem já usa o Vim.

O que o Vim têm de tão especial

Vou assumir que você ao menos tem alguma ideia do contexto histórico de como o Vim foi criado, então vou pular para a explicação do porque ele é um editor de texto lendário.

  1. Ele é um editor que é feito para desenvolver, então ele têm várias features que se assemelham com os editores de texto que você talvez esteja acostumado a usar.
  2. A ideia de navegar pelo seu texto no normal mode e começar a inserir coisas no insert mode é fenomenal, alguns dizem que no insert mode você está mergulhando no arquivo que você está editando e no normal mode você está na superfície, tendo uma visão geral de cada elemento do texto.
  3. Usar hjkl ao invés das setinhas do teclado são mais ergonômicas, além do que, você não vai mais depender do mouse para navegar pelo documento, você pode voltar com { e} no modo normal se quiser pular pedaços grandes de texto.
  4. E o principal, ele é customizável…

Desvantagens? Bem, a curva de aprendizado realmente é grande, e você vai começar sendo super lento com os vários comandos e atalhos que o Vim possuí, mas aprender qualquer coisa é assim mesmo. Você começa devagar pra depois ficar rápida, eventualmente você vai ser um daqueles que pensa “cara, por quê isso não têm [insira alguma feature do Vim aqui]?”.

Isso leva tempo, e realmente só depende de você pesquisar e ler a vim documentation — você pode também rodar o comando :help dentro do Vim —, mas o esforço vale muito a pena.

Customizações!

Não estou brincando, acho que o Vim e o Neovim (que é uma versão melhor do Vim, mas escrito em Lua e não em Vimscript) são os pedaços de software mais customizáveis que já vi. Sempre que você abre o Vim ele procura carregar um arquivo de configuração dentro da sua /home, e é dentro dele que você pode mudar o comportamento de tudo do editor. Para começar a editar, você precisar fazer duas coisas: Abrir o arquivo ~/.vimrc — ou ~/.config/nvim/init.lua se você usa o Neovim —, e uma aba no seu navegador com o Google. Depois disso é só se divertir usando o seu editor.

Isso também é outra coisa interessante, cada configuração de Vim no planeta é único, pois cada um tem suas necessidades e preferências diferentes com as teclas que quer usar para editar. E eu quero trazer um pouco da minha configuração do Vim.

Meu workflow com o Vim

Eu sei… Eu sei.. Plugins. Mas isso não conta, com plugins qualquer editor consegue satisfazer qualquer um, então só vou compartilhar as minhas customizações do Vim e não do Neovim (que é o que estou usando para programar, por sinal, está cheio de plugins).

Configurações gerais

 1" Remove os ~ do final dos arquivos
 2set fcs=eob:\
 3" Usa syntaxe dos arquivos de wiki do vim para arquivos .txt
 4au BufWinEnter *.txt set ft=help
 5" Minha tecla leader para rodar alguns mappings customizados
 6let mapleader="\<space>"
 7
 8" Setup inicial para algumas features funcionarem sem plugins
 9set nocompatible
10filetype plugin on
11syntax enable

Meu setup sem plugins

Essa variável, paht, guarda o caminho das pastas que o Vim pode abrir, adicionando ** à ela, podemos usar o :find para procurar todos os arquivos em todos os diretórios e subdiretórios da pasta que o Vim foi aberto. Detalhe: Eu removi as pastas que se chamem node_modules por eu trabalhar muito com JavaScript.

1set path+=**
2set path-=**/node_modules/**
3
4set wildmenu
5nnoremap <leader>FF :find ./**/

Autocomplete suggestion

Essa feature já é embutida no Vim por padrão, use <c-n> no insert mode para ativá-la. Mas eu adicionei algumas keys para ela se ativar sozinha com alguns caracteres, note que se eu digitar / ele abre uma janela com todos os arquivos que ele encontrar nesse path.

1" O <c-p> volta o cursor para a linha que estou editando
2inoremap / /<c-x><c-f><c-p>
3inoremap . .<c-n><c-p>

Tag jumping

Essa é a feature mais poderosa que eu conheço do Vim, em resumo, você pode simular a função de jump to definition apertando ^] em cima de uma implementação de uma função. Por exemplo, se eu estiver com o cursor em cima de foo(), ele vai direto pra linha (e arquivo) onde foo() foi definido — por exemplo func foo() string {. E você pode voltar na stack com <c-t>

Mas pra isso, o Vim lê um arquivo chamado tags na raiz do projeto que você abriu, e para gerar esse arquivo você precisa da ferramenta ctags, eu implementei isso no meu Vim para eu não precisar ficar trocando entre editor, terminal, editor, terminal…

1command! MakeTags !ctags -R --exclude=.git --exclude=node_modules --exclude=test .

Recomendações de sources

Muito obrigado por ler o meu artigo, espero ter ajudado. Mas antes de acabar, eu quero listar alguns links que me ajudaram muito.

E, claro, meus dotfiles do Neovim e o do Vim:

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